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Sobre orgulhos e vergonhas da UFSM

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Arquivo do Diário - 20/05/2019)

Educação forma caráter, molda a índole e as decisões que cada jovem tomará para o resto da vida. Por tudo isso, o ambiente escolar deve ser saudável e focado em uma formação que prime pela excelência.

Um vídeo percorreu as redes sociais, na noite da última quinta-feira, com um recorte de cinco segundos de uma fala minha de 15 minutos, durante a CPI da Pandemia, com a afirmação de que eu teria vergonha de ter estudado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Vamos contextualizar. Não, eu não tenho vergonha de ter cursado engenharia agronômica na universidade idealizada pelo saudoso reitor José Mariano da Rocha Filho. Tenho certeza que a realidade atual não condiz com o espaço plural de décadas atrás. Cursar aquela faculdade foi enobrecedor, e tenho muito orgulho disso.

Agora, vamos às vergonhas e às circunstâncias da minha verbalização. Recentemente, recebi a denúncia de um grupo de alunos da UFSM sobre um material que fere a moral e a ética, enfim, a tudo que esperamos da educação. Causou-me indignação a disseminação do conteúdo no chamado PUP, Pré-Universitário Popular Alternativa, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da UFSM.

São imagens de órgãos genitais, misturadas com textos que descrevem relações sexuais explícitas e trazem ofensas direcionadas a pessoas e grupos sociais, inclusive, ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Pedi formalmente as devidas explicações ao Ministério da Educação. Tenho certeza de que esse não é o ambiente projetado por Mariano da Rocha.

Sim, o espaço de estudos deve ser plural e respeitar a diversidade, mas nunca afrontar qualquer pessoa. Disso, eu tenho vergonha. Não posso compactuar e achar bonito manobras políticas utilizadas pela direção da instituição. Sabemos da realização de uma pretensa pesquisa de opinião para a definição do reitor. Dela, sairia a lista tríplice enviada ao MEC, quando a lei prevê a utilização de Consulta Pública. A pesquisa foi revestida de legalidade e, imaginem, foi coordenada por postulantes ao cargo máximo da universidade.

Ressalto que a consulta já foi alvo de inúmeros questionamentos em outras universidades, todos, em específico, relacionados à forma como se estava buscando conduzir o processo de consulta da sociedade. E tudo isso para manter uma política que define a ciência como de esquerda ou direita. São essas mesmas pessoas que ditam o que é certo e errado, sem levar em conta o coletivo, a ética e a defesa do livre pensamento.

Também sinto vergonha da doutrinação feita por professores, pelo palco montado para receber o ex-presidiário Lula, das críticas disseminadas nos prédios contra o presidente do Brasil. Claro, a livre manifestação deve ser respeitada e incentivada, mas que ela seja verdadeiramente livre e que não usem a universidade como instrumento de "catequização".

Disso, não posso ter orgulho. Sentimento que se repete quando olho para a colocação da UFSM nos "rankings" que medem o desempenho das universidades no mundo. A cada edição, perdemos posições. Não foi essa a instituição que conheci e vi entre as melhores do país.

É, por tudo isso, que me envergonho. Acredito que Mariano da Rocha seria solidário com esse sentimento que não é só meu. Desejo ver novamente a UFSM como motivo de orgulho ao povo gaúcho! 

Texto: Luis Carlos Heinze
Senador (PP/RS)

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